SINOPSE
Segurança desempregado, Hélio cai em uma espiral de encontros em São Paulo. Enquanto faz promessas de ascensão para sua companheira que ainda não veio para a capital, passa a rondar a cidade, sem rumo, por sua função.
ELENCO
João Filho, Georgette Fadel, Rogério Bandeira, Érika Rocha, Eliane Weinfurter, Sérgio Pires
FICHA TÉCNICA
direção e roteiro: Mauricio Battistuci e Francisco Miguez / produção: Tarsila Varallo / montagem: Luisa Noriko / direção de fotografia: Caio Antônio / assistentes de direção: Amanda Carvalho e João Pedro Durigan / continuidade: Paulo Martins Filho / assistentes de produção: Júlia Fávero, Fernando Borba e Francisco Grasso / 1º assistente de câmera: Mateus Albino / 2º assistente de câmera: Lígia Agreste / gaffer: Thomás Ceschin / técnico de som direto: Jonas Amâncio / microfonista: Bia Hong / direção de arte: Joana Lorenzetti / assistentes de arte: Ana Iajuc e Anita Lisboa / maquiadora: Amanda Hiruta / trilha sonora: Nicholas Rabinovitch e Estúdio Terra de lá / música original: Joera Rodrigues / edição de som: Jonas Amâncio, Lucca Chiavone e Bia Hong / mixagem: Sandro Dalla Costa / correção de cor: Caio Antônio / composição de imagem: Paulo Hernani Chedid
CIRCULAÇÃO
- FBCU | 21º Festival Brasileiro de Cinema Universitário - Mostra Competitiva (Niterói RJ / setembro 2019) – PRÊMIO LEIT MOTIFF
- XV Panorama Internacional Coisa de Cinema - Mostra Competitiva (Salvador BA / novembro 2019)
- III Mostra Sesc de Cinema – Panorama Paulista (São Paulo SP / novembro e dezembro 2019)
- FestCurtasBH | 21º Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte - Mostra Competitiva Nacional – (Belo Horizonte MG / setembro 2019)
- Primeiro Plano | Festival de Cinema de Juiz de Fora e Mercocidades – Mostra Mercocidades (Juiz de Fora MG, dezembro 2019)
- Metrô | 3º Festival do Cinema Universitário Brasileiro - Mostra Panorama (Curitiba PR / novembro 2019)
- Toró | 5º Festival Audiovisual Universitário de Belém – Mostra Competitiva (Belém PA / novembro 2019)
- Intersessões | 2º Festival de Cinema Itinerante – Seleção Oficial (Ubá MG / dezembro 2019)
- FIEC | 19 Festival Internacional de Escuelas de Cine (Montevideo, Uruguai / agosto 2019)
- FICU | 2º Festival Internacional de Cine Universitario (Buenos Aires, Argentina / maio 2019)
- Muestra FEISAL | 7ª Mostra Federação das Escolas da Imagem e do Som da América Latina (plataforma online / 2018-2019)
- CINENOVA | 2º Portugal Interuniversity Film Festival – Mostra Competitiva Internacional (Lisboa, Portugal / março 2020)
CRÍTICAS E MENÇÕES
21º FBCU 2019 – Prêmio LeitMotif, por Equipe LeitMotif
Ronda, filme de Mauricio Battistuci e Francisco Miguez, parece buscar não dicotomizar as questões internas do indivíduo e da cidade, mas encontrar suas raras intersecções e espaços em comum. A construção auditiva da cidade é invasiva, caótica, não procura polidez ou "educação" sonora. O metal range, buzinas soam sobre diálogos, a serra de mão, depois o bafo dos carros, por último uma voz, que briga por espaço. Primeiro os gritos do passageiro de metrô que batalha contra o espaço fechado, depois outro profeta que luta contra o Golias do espaço aberto. Os espaços da cidade são construções arquitetônicas reservadas a não-construção pelo universo visual - que se reserva a planos fixos e pouco reveladores, mas construídos em nossa percepção sônica. O que não vemos dos espaços, ouvimos. E o que não ouvimos ou vemos do protagonista, a cidade parece nos contar. Enquanto batalha os sons do dia, as comunicações em celulares e dentro de carros e em ruas ruidosas não são tão diferentes de sua ronda quase quixotesca em busca de um lugar onde estar em um espaço que parece completamente tomado. O espaço encontrado, afinal, traduz-se não tanto na imagem, mas através de uma nova arquitetura sonora que reorganiza os espaços que parecem ali já existir e constrói novos espaços negativos, e define, finalmente, um lugar para o protagonista antes perdido.
Em época de uberização do trabalho, é irônico perceber que o único respiro que o curta nos traz vem dentro de um pretenso uber; quando uma mulher, engalfinhada numa rotina intensa de um emprego supostamente proeminente, cria uma utopia momentânea para que ela enfim possa apenas descansar.
Hélio é um segurança desempregado, já não tem casa, nem pertences, nem amigos. Quem sabe agora só lhe acompanhem os devaneios de quem, mesmo cansado e ferido, já não pode descansar. Nem o desemprego lhe permite abandonar o ofício que se apoderou de seu corpo e de seus gestos. Como filmar um sintoma coletivo – esse que nos adoece pelo excesso de medo, de controle, de exaustão, de abandono? Em meio ao caos, é preciso produzir brechas em narrativas quaisquer, ir ao encontro do outro, retomar nossa disposição para o perigo.
A recusa é pedagogicamente acompanhada por uma reorganização do pacto de representação, que associa os limites das ultrapassadas concepções das relações de trabalho aos limites das ultrapassadas abordagens do drama social realista, ambas como formas esgarçadas de enfrentar as novas questões do mundo e do trabalho. O filme vira-se, portanto, para uma investigação acerca de modelos estéticos e políticos de enfrentamento que estejam a par da reconfiguração dos desafios.

Outros projetos

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